Há uns dias atrás ocorreu um episódio... troglodita na
universidade em que minha filha estuda.
Segundo consta, uma aluna foi vítima de prática de
preconceito étnico (não é um caso de frescura do politicamente correto, o uso
da expressão preconceito étnico já
que não cabe falar em raças, em se
tratando de seres humanos).
Alguém escreveu na porta de um banheiro o nome da aluna
seguido das palavras preta, macaca,
safada.
Grupos de alunos resolveram fazer um protesto contra isso. Teria
sido uma iniciativa louvável se protesto tivesse havido.
Mas o que houve foi uma bela duma baderna, acompanhada de
desrespeito aos alunos que não aderiram e aos professores que estavam dando
aula. Havia alunos se preparando para provas de Física e Matemática, aliás.
Cercaram e invadiram um prédio, batendo nas janelas,
invadindo salas de aula, correndo e gritando pelos corredores, acompanhados de
um grupo de percussão.
Eu não sei, devo estar envelhecendo mesmo e ficando
ranzinza? Mas um grupo de percussão durante uma noite de aula, como forma de
protesto?!
Uma pessoa presente à performance
disse-me que ao vê-los, os “alunos” que protestavam, veio-lhe à mente uma das
cenas iniciais de 2001, Uma Odisseia no Espaço.
Quando me narraram o acontecido eu não pensei nessa cena,
pensei em macacos à solta na selva. Com as devidas escusas aos macacos, que lá
na selva são muito mais civilizados que esses “alunos”.
A justificativa de uma aluna para a baderna dá respaldo tanto
à minha interpretação quanto à da lembrança da cena do filme.
Essa aluna, contestando a adjetivação desse “protesto” como
primitivo, respondeu que: “Primitivo é se posicionar pacificamente diante de um
ato de ‘racismo em uma universidade pública”– pausa para respirar e ponderar:
uma aluna de universidade que não sabe que não existem ‘raças’ de humanos dá o
que pensar . Uma jovem senhorita que diz ser primitivo o protesto pacífico bem
poderia ao menos entrar na lista de espera de um Baader Meinhof, se existisse
tal lista e se esse grupo de terroristas ainda atuasse.
Ela vai adiante, afirmando que: “dentro da sala de aula não
se combate as opressões”.
Ok, ela está escrevendo no Facebook, tudo bem que há uma
informalidade ali e tal. Mas ela está dando lição de moral e é veterana de
curso. Então, deveria se dar conta da necessidade de concordar verbos nessas
situações. Mas pior que escorregar na
gramática é esse espantoso absurdo de vermos uma veterana de curso superior
afirmando que não se combatem opressões numa sala de aula. Onde então? Aliás, onde estava a opressão? No
fato de que uma moça foi ofendida com termos pesados? Vê-se que a veterana não
tem condições de juntar lé com cré nem em nível massinha um de nada. Vê-se também
o estrago produzido pelo cantochão socialista nessas mentes vagas.
Se não é numa sala de aula de universidade o lugar onde se
aprende os fundamentos da convivência civilizada, do respeito ao próximo, num grau mais elevado, para
quê universidades? Não é a universidade a instância máxima daquilo que nos
separa das outras espécies? Em que firmamos protesto de domar a irracionalidade
de nossa condição animal ao lapidarmos a vantagem intelectual que nos
diferencia?
Mais adiante essa aluna diz que “racismo mata todos os dias”.
Pausa para respirar de novo e espinafrar essa “aluna”. Puxa
vida! É uma veterana de UNESP, dá licença.
É uma afirmação mentirosa, descabida, produzida por gente de
má índole, que tem um público-alvo: esses “alunos” de cursos de Humanas,
revolucionários de meia tigela que engolem qualquer estupidez. E engolem por
serem estúpidos, incultos, produto de uma geração mentalmente preguiçosa ao
ponto de ser indigente.
Onde estão os fatos
embasando essa afirmação de que todos os dias pessoas pretas são assassinadas
por pessoas brancas cujo móvel é a cor da pele do assassinado?
É o tipo de falação socialista cujo objetivo é escandalizar,
não informar ou ensinar. É apelação ao emocional, não à razão. Razão é a última
coisa que esses discípulos do socialismo, com raras exceções, estão dispostos a
utilizar. Aliás, levando em conta o que se vê por aí, nem é caso de querer; já
não podem usá-la por nem saberem que existe.
Prova disso é essa veterana perguntando como o aluno, uma
vez formado, terá condições de lidar com “o racismo” nas escolas, se
se recusar a participar desse tipo de “protesto” na universidade. Notável é que
ela automaticamente conclui que a única opção do formando é dar aulas, numa
espécie de determinismo que o impede de considerar outras profissões.
Ainda mais notável é o que se deduz dessa fala: uma vez na
escola, diante de um ato de preconceito, o professor deverá arrebanhar seus
alunos e sair com eles pelos corredores, gritando, batendo nas janelas, invadindo
salas de aula, forçando outros professores a interromper suas aulas, e tudo
isso acompanhado de uma batucada.
Talvez fosse apropriado se o professor estivesse num zoológico
às voltas com macacos, mas nem um pouco se estiver lidando com crianças e adolescentes. Ou isso era antigamente, em que ainda prezávamos pela civilidade, pelo domínio do intelecto e um professor era visto como alguém que estimulava o uso da razão, do cérebro.
Aquela lembrança da cena do filme acaba sendo muito
adequada, afinal de contas.
É uma cena emblemática para muita gente. Para mim seu
significado não está tanto no contraste entre o quase símio brandindo um fêmur e o humano na nave espacial, mas no processo
que nos afastou do quase símio.
Penso eu que o aspecto mais importante desse processo não
reside no desenvolvimento das tecnologias que afinal puseram um ser humano na
órbita do planeta, mas nas formas que encontramos para ao menos tentar conviver
civilizadamente. Nas regras éticas e morais que criamos, no desenvolvimento do
intelecto, no apreço por privilegiar a razão e não os instintos.
Pelo andar da carroça, estamos regredindo, abandonando milhares de anos de esforço cerebral para voltarmos aos
grunhidos e tacapes como forma de comunicação e relacionamento, graças a esses revolucionários da involução.
Deve servir de consolo o fato de saber que não estarei viva
quando meus bisnetos estarão se pendurando nos galhos, correndo de quatro e sei
lá, rugindo uns para os outros.
Walesca Popozuda , uma "cantora" cujo atributo mais significativo é ter uma bunda enorme já é tema de prova de Filosofia...
Em memória dos tempos em que éramos seres humanos civilizados: The Best of Handel




Muito bom seu texto, isto ai é da boca pra fora viu Shirley?! eu até creio que a pessoa que escreveu tava la no meio bagunçando pra nunca desconfiarem dela, e eu não confio em pessoas que fazem violência gratuita pra combater violência. Mas veja neste vídeo que eu vou por aqui no comentário o link como nosso negócio é só de boca, atitudes nem pensar.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=eBuC_0-d-9Y
Oi Adam!
ExcluirVocê está mais certo do que pensa. Eu vou ver o vídeo sim.
Abraço!
Grande Shirley,
ResponderExcluirQuanto à Valeska Popozuda, ela é o "feminismo para as massas" e você deveria agradecer à ela por valorizar a mulher sem aquele ranço esquerdopata que considera qualquer homem um "estuprador" em potencial. E isso dispensando gostos musicais à parte.
Quanto ao racismo, a discussão realmente é nebulosa. Um bom exemplo são as atuações das PM´s, que tratam cidadãos diferente conforme o rendimento e a cor da pele.
Um empresário foi morto em São Paulo porque ele foi confundido com o sequestrador e ameaçou pegar algo do bolso. Ele era negro. No Rio, além do caso DG, teve o caso da enfermeira que foi arrastada pela viatura da PM. E lá há um apartheid social, racial e econômico entre a favela e o asfalto o que explica a coluna da Veja sobre a morte do dançarino, bem na linha "tomou o tiro porque mereceu". Rui Castro fez um outro artigo também criticando a "homenagem" que o "Esquenta" fez ao dançarino, mas lembrando que quem mora em favela é gente e que a culpa disso é a ausência de ESTADO, coisa que o colunista da Veja esqueceu já que para ele é assim:
traficante = favelado
traficante = não pessoa
logo: favelado=não gente
Lembre que favela só é bom para antropólogo e sociólogo. Mas a maioria dos moradores das periferias e favelas e que tenham baixas rendas são pretos ou pardos, e é o que torna a discussão nebulosa.
Afinal uma coisa que está grassando dos dois lados da corda política é a desonestidade intelectual galopante, a tortura de números via estatística e a tentativa de se apropriar de uma agenda de reivindicações para somente o seu grupo político, étnico e de gênero e isso quando não envolve religião.
Estamos caminhando para uma radicalização de idéias, e virou moda novamente se opor à tudo que supostamente representaria o governo e abraçar ideologias e modelos políticos sem se aprofundar em suas idéias e conceitos. De um lado a letargia burocrática esquerdista presa a dogmas que estão enterrados nos escombros do que sobrou do muro de Berlim e do outro lado os iludidos com a beleza do "American Way of Life" e sua pirotecnia econômica, política e social. E esquecem que a China representa os dois lados da mesma moeda e está comendo tudo pelas bordas. E o que sobrar será só as obrigações, e nenhum benefício dos dois lados.
Sérgio Luiz Santanna, vi este comentário primeiro no e-mail e só então me dei conta que 1k2 é você.
ExcluirOlha, se você fosse mulher, eu diria que ficasse à vontade para se sentir representado por essa..."popozuda". Não consigo ver de que forma uma mulher que usa a bunda como forma de comunicação me representa. Não peço desculpas pela franqueza: não sou do tipo que acha que se tem de valorizar o que ela representa; não considero isso cultura, considero lixo cultural. E não dou a mínima para a conversa mole de que essa é a cultura possível para "os despossuídos", que "vivem á margem da sociedade", favelado, o raio que o parta. E não dou a mínima por ser eu mesma dessa origem. Não aconteceu nenhum "milagre" na minha vida, não apareceu nenhuma fada madrinha. Eu corri atrás. Eu trabalhei e trabalho muito duramente para me afastar da minha origem. Continuo pobre materialmente (muito menos que lá atrás, é fato, mas ainda pobre), só me recuso a continuar pobre de conhecimento, de cultura. Não tenho a menor intenção de me contentar em ser pouco mais que um dos ditos animais irracionais. Se eu pude, qualquer um pode, mas muitos não querem. Gostam mesmo é de se enxergar no coitadismo. Eu conheço e convivo com muita gente muito pobre e humilde, mas que se recusa a ser representado por funkeiros e popozudas. E conheço, mas não convivo, por escolha minha, com os representantes desse pobrismo imbecilizante.
Eu sou mestiça. Embora meus traços fisionômicos lembrem os da família do meu pai, branco, minha cor e meu cabelo vem das minhas origens africanas. Meu marido é mestiço de índios e negros. Nunca fomos parados pela polícia, nunca nos trataram como se fôssemos inferiores. Há muito preconceito por aí? Há sim. Mas não é uma regra inflexível, como se inevitavelmente o preto ou o pardo fossem sempre tratados da forma como você e muita gente por aí apregoa. A minha experiência de vida não é menos verdadeira que a dos outros.
O dançarino foi elegido como mártir. Eu não vi na coluna nada do que você diz. Eu vi o argumento sensato de que ninguém merece morrer dessa forma, mas sem deixar de arrazoar sobre o comportamento do dançarino. Ele estava fazendo o quê no meio de traficantes? E essa pergunta não é só do colunista ou minha, é das pessoas comuns que souberam do ocorrido nos telejornais. É a primeira pergunta delas; como disse a senhora octogenária que mora na minha rua: diz-me com quem andas...
Eu não sei quanto a você, mas estou farta desse vitimismo oportunista. São milhares de mortos pela violência todo ano, mas só ganha destaque a vítima útil. Na minha cidade há assassinatos. Não vejo nenhum global ou sociólogo ou político ou engajado na causa do coitadismo se pronunciando a respeito.
No mundo em que cresci, apesar da miséria as crianças eram ensinadas a ser gente, não bicho ou vítima.
E só para constar, a perícia grafotécnica está em vias de concluir que a aluna alvo dos xingamentos na pichação é a mesma que os escreveu. Olha só que coisa. Isso me faz pensar quantas "injustiças" não foram fabricadas de encomenda, apenas para, como essa gente diz, "causar".
Encerrando (finalmente): eu penso que o problema de todo mundo com os americanos é inveja. Todos adoram meter o pau neles, mas ninguém deixa de usar os produtos deles. Quando eu estive nesta mesma universidade, entre 2006/2010, via isso o tempo todo. De professores a alunos e visitantes, a mesma balela: os EUA são os malvadões, os vilões, exploradores, assassinos, sei lá que mais; mas todo mundo usando os caros produtos de origem americana. E na hora de ver a pobreza autêntica ao vivo e a cores, nas pesquisas de campo caríssimas que nunca tinham resultado útil para os "despossuídos" embora fossem feitas em nome deles, eu me divertia muito vendo as caras de nojo e os comentários reservados sobre as vítimas da sociedade e do imperialismo americano.
E eu não quero benefícios. Quero direito a construir minha vida.