São raras as vozes que o
afirmam. Mas nem por serem raras estão erradas ou imbuídas de má fé. Estes últimos
doze anos, com tudo que têm de errado, ruim e deletério (e como, e quanto!)
para nosso país, é culpa dos brasileiros. Eu me permito não me incluir entre
todos os responsáveis por esse estado de coisas.
Eu não votei no PT. Eu nunca sequer considerei votar no PT. Nunca
me deixei levar por seu canto da sereia.
Não me envergonho, ao
contrário! Orgulho-me de dizer que votei no PSDB, sempre. Não por enxergar
nesse partido a solução miraculosa para todos os problemas do Brasil, diferentemente dos que votaram e votarão no PT.
Mas por ver nesse partido o
pragmatismo possível de ser aplicado nessa bagunça impressionante que é este
país e sobre esse povo tão irresponsavelmente desinteressado do próprio
destino. Este povo que parece se orgulhar de não se interessar pela própria
cultura, pelo próprio passado; que fala de boca cheia: eu não me interesso por política.
Este povo, triste povo, que
preferiu o sacrifício a perder de vista, ao sacrifício que poderia ter sido
temporário. Que tendo rapidamente se acostumado a certa bonança econômica, nos
primeiros anos do Plano Real, se acovardou no primeiro momento de dificuldade e
correu a se jogar nos braços do messias
salvador da pátria que por décadas rejeitara, apenas por ter esse messias
mudado convenientemente o discurso que sempre sustentara.
Num passe de mágica, ei-los
todos, seduzidos pela mentira. Na sua ânsia de ver resolvidos todos o problemas
por meio de um milagre, como é mister na personalidade brasileira, não quiseram
enxergar no messias o que estava explícito, a mentira e a enganação.
E ele, o messias não se fez
de rogado. Tal é sua desfaçatez, que se diria ter planejado ver até que ponto
conseguiria esfregar na cara dos brasileiros sua pusilanimidade, sua e
dos brasileiros. Aproveitou-se de tudo que não fizera, de tudo que fora deixado
pelo governo anterior. Não satisfeito, assumiu como sua a obra desse governo,
enquanto mentia incessantemente que tal governo nada fizera de bom para o país,
que ao contrário, só mal fizera.
Seus filhos enriqueceram sem
que se saiba como; sustentou uma amante com nosso dinheiro; escândalos de
corrupção se sucederam; e a tudo isso os brasileiros se fizeram de cegos, mudos
e surdos. Nada viram de errado, nunca. Tanto é assim que o reelegeram, elegeram
a mulher que ele mandou eleger, que uma simples observação de antecedentes demonstrava
não ter qualquer capacidade de governar o país. Fiou-se, o povo brasileiro, da
palavra de seu messias.
Ainda uma vez os brasileiros
parecem dispostos a repetir a própria infâmia.
Há aqueles que movidos
sabe-se lá por qual estado de estupidez imbecilizante, ainda creem que o pau
mandado de seu messias reúne condições para continuar no comando dessa nau de
insensatos.
E há os que começam a
perceber que o milagre de saias que o messias mandou eleger não governa nada,
não tem competência sequer para ser senhora dos próprios neurônios. Nem por
isso recobram a lucidez, se algum dia a tiveram.
Preparam-se para entronizar
uma nova santa no altar desse lugar mágico em que vivem, o Brasil “sonhático”.
Não apenas não se importam,
mas se enfurecem com quem aponta os pecados dessa santa.
Então sonhem brasileiros. Sonhem
que estão sonhando, enquanto vivemos todos nesse pesadelo do qual tão cedo não
acordaremos.
A culpa é de vocês, depois,
não reclamem, embora estejam laboriosamente erguendo, tijolo a tijolo, um muro
de lamentações a perder de vista.

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