Uma
discussão com um forista no blog DeusIlusão sobre ateus serem ou
não capazes de solidariedade trouxe à tona a figura de Bill Gates e
a Microsoft.
Sustentava,
esse forista, que todos os milhões doados pela Fundação Bill e
Melinda Gates não tem qualquer valor. E não tem qualquer valor
porque Bill Gates é podre de rico, tendo amealhado sua fortuna por
meio de práticas ilegais como o monopólio do mercado de
informática.
O
tal forista apresenta-se como liberal mas seu discurso nada fica a
dever a um Rui Falcão da vida.
Duas
coisas me chamaram atenção nesse debate que esteve muito mais para
bate-boca (é difícil manter alguma elegância lidando com certos
tipos...).
A
primeira:
não
é a toa que a esquerda vem, há muitos anos, conquistando corações
e mentes. Seu segredo é apelar aos baixos instintos humanos e a
inveja rancorosa está no rol. No caso, inveja rancorosa que muita
gente por aí nutre pela riqueza e sucesso de Gates, ás vezes sem
nem perceber “o que está pegando”.
A
segunda:
do
jeito que todo mundo esperneia contra Bill Gates e contra a
Microsoft, um desavisado bem poderia pensar que sistemas operacionais
para Pcs são gênero de primeira necessidade. É como se Gates
tivesse açambarcado o estoque mundial de trigo e comprado todo o
mercado futuro do produto.
O
“argumento” inicial para esse quase-ódio-quase-universal contra
a Microsoft é que a empresa teria violado leis anti-truste ao
instalar, ou colocar ou que seja, o Internet Explorer como nativo do
sistema porque assim o usuário, o dono do pc, iria exercer seu
direito de optar pela praticidade ao invés de considerar melhor se
dar o trabalho de comprar o outro navegador então disponível, o
Netscape. Gente, façam-me o favor! Nem todo mundo está a fim de
sair experimentando coisas, "interneticamente" falando. Eu conheço
gente que comprou pc com Windows XP trocentos anos atrás e não
mudou nem a tela inicial de lá para cá. Olha o tamanho da
intromissão na vida das pessoas... Se o cidadão quer usar o mesmo
navegador eternidade afora, o problema é dele, ele é o dono do pc.
E mesmo assim, de lá para cá quantos navegadores surgiram à disposição de quem
queira? De estalo já conto três: Firefox, Opera, Chrome, só os
mais populares. O Firefox na verdade é uma boa consequência da tal
ação anti-truste da Microsoft, já que a Netscape por fim abriu o
código-fonte de seu navegador e disponibilizou-o gratuitamente para
usuários e desenvolvedores, sendo que atualmente o Firefox é o
segundo navegador mais utilizado no mundo.
De
modos que esse é um caso de que entre mortos e feridos, salvaram-se
todos nós usuários de internet.
Afinal
de contas, qual foi o crime da Microsoft? Foi criar e disponibilizar
um sistema operacional ao alcance da patuléia, em termos de preços
e manuseabilidade. Que o diga esta representante da patuléia aqui.
Quando
comprei meu primeiro pc, um XP Starter Edition com processador
Celeron D, 40gb de Hd e memória RAM de 128mb, internet discada
(vixe, pré-história!), tudo que sabia sobre o bicho era que tinha
de por o plugue na tomada.
Matei
aquele pobre coitado daquele pc, pois aprendi tudo sobre esses
assuntos de informática básica fuçando nele.
Aliás,
sempre considerei o Windows bem amigável, ao contrário de muita
gente que o chama de ruindows. Aprendi muito com ele, tanto que
hoje em dia só levo meu pc ao técnico se o problema for físico.
Tudo que diga respeito a software faço eu mesma.
Nunca
me senti impedida de usar softwares de terceiros; quando algum teima
comigo, lá me vou aos fóruns especializados e ainda não houve vez
em que não resolvesse problemas de incompatibilidade e isso que sou
do tipo espírito aventureiro, adoro novidades. Só os reprodutores
de vídeo, se não experimentei todos cheguei perto.
Acho
que uma parte da birra do povo com o Windows é preguiça de
pesquisar para ao menos tentar resolver o problema.
E
a outra parte, bem maior, é, sinto muito ladies and gentlemens,
inveja do sucesso alheio.
E
uma nota de pé de página: ainda que a Microsoft fosse a vilã da
estória, não seria vilã sozinha. O Windows é caro; o Linux é de
graça. Cadê que o povo está usando o Linux em qualquer das distros
por aí a rodo, como usam Windows?
A
lógica de mercado é a lógica de mercado. Se todo mundo só usa
Windows, os desenvolvedores de softwares vão desenvolver produtos
para Windows. Uma das coisas que impedem as pessoas de migrarem para
Linux é uma suposta dificuldade de lidar com o sistema. Até pode
ter sido verdade em tempos de antanho, não é mais. Outra é que
vários programas e jogos não rodam em Linux. Nem isso é mais tão
verdade assim e à medida que mais gente passe a usar esse sistema os
desenvolvedores vão trabalhar com Linux também.
Recentemente
instalei o Ubuntu (uma das distibuições, ou versões, Linux) e todo
trabalho que tive foi gravar a imagem ISO disponibilizada no site* e
usá-la para instalar o novo sistema, tarefa para a qual só precisei
ler alguns tutoriais** e baixar um programa*** que grava ISO em dvd.
Fiquei surpresa, o Ubuntu é ainda mais fácil de lidar que o
Windows.
É
isso, povo: se não gostam da Microsoft, parem de usar o sistema
operacional dela, ao invés de ficar com essa hipocrisia toda.










