segunda-feira, 24 de março de 2014

Ninguém é inocente. Ou: rindo de tanto chorar.



Embora não devesse, estou rindo com a exposição de parte da podridão petista vindo à tona com a revelação de algumas das maracutaias deles, petistas, na Petrobras.
É um riso amargurado e maníaco de quem ri da própria desgraça, mas é também uma válvula de escape para toda a frustração e desespero vendo, nesses quase doze anos, os brasileiros sendo cúmplices, pela ação e pela omissão, da escória que são os petistas destruindo o Brasil.
Quantas discussões que tive, com muita gente, desde a campanha de 2001, sobre essa cambada.
Meu principal argumento naquela época acabou se mostrando totalmente correto. Era até simples: eu dizia que o fato de Luís Inácio da Silva, vulgo Lula, ter divulgado a tal carta aberta aos brasileiros era bastante para demonstrar o quanto ele e sua corriola eram desprovidos de qualquer caráter. Ninguém passa anos e anos, dizia eu, pregando uma ideologia, apresentando-a como a salvação do país, da humanidade, o diabo que seja, e de repente se desfaz dela, com a simplicidade de quem bebe água, para abraçar exatamente aquilo que até ontem combatia ferrenhamente, se não for movido por interesses muito diferentes, e inconfessáveis, daqueles que anuncia aos quatro ventos.
A resposta que recebia era sempre a mesma: todos têm direito de mudar. Eu rebatia em vão que aqueles, se estavam mudando em alguma coisa, era no disfarce sob o qual queriam atingir seu objetivo único: poder.
Quantas e quantas vezes fiquei perplexa vendo todos aceitarem as mentiras sobre um período que todos tinham acabado de viver, ou compactuando ou se calando. Nunca o brasileiro foi tão “povo”, esse ente amorfo, quanto durante esses doze anos. Desde o catador de lixo reciclável e a varredora de rua até o economista e a analista política, passando por advogados, médicos, professores, engenheiros, mecânicos, pedreiros, jornalistas, caminhoneiros, faxineiras, apresentadores de programas televisivos, desempregados, todos foram “povo”, essa manada tão facilmente conduzida por mentiras e manipulações e se sentindo felizes com isso.
E por que não se sentiriam? As mentiras falavam o que queriam ouvir e as manipulações lhes tirava dos ombros a responsabilidade de ter que reagir. Ofereciam as condições para o momento em que tudo acabasse da única maneira que podia acabar, em desastre e ruína, de posarem de vítimas, de enganados.
Saber que o PT que chegou ao poder era e é composto por um bando de saqueadores, todos sempre souberam. O “acidente” do vulgar Lula quando fazia de conta que trabalhava como torneiro mecânico foi tão claramente uma armação que provavelmente ninguém ficou mais surpreso que ele quando viu que todos caíram como patinhos. Pode ter sido essa a primeira vez que ele percebeu como era fácil enrolar os trouxas.
José Dirceu nunca escondeu de ninguém o canalha que é, basta ver a sem-cerimônia com que meteu um pé na bunda de sua esposa tão logo foi assinada a Anistia, tendo vivido com ela um bom tempo sem dizer quem era.
Aliás, Dirceu sempre foi, para mim, a referência do caráter, ou mais apropriadamente, da falta de caráter do vulgar Lula. Um homem que aceita conviver com alguém tão ordinário, que fez de Dirceu peça chave nas suas manobras para chegar ao poder, vale ainda menos que Dirceu.
Todos que tinham um mínimo de acesso às informações sabiam essas coisas, se eu, aqui no meu canto, sabia. Sabiam até muito mais. Fizeram de conta que acreditaram que a corriola tinha mudado. Rá!
A arraia miúda, o populacho, aceitou se rebaixar à condição de dependente de esmola. Qualquer pessoa tem condição de saber que viver de esmola rebaixa o ser humano. Aceitar ajuda pontual enquanto não se tem condições de melhorar a vida por conta própria é coisa muito diferente de se achar esperto, da sensação de “estou me dando bem” recebendo todo dinheiro que puder arrancar do governo. Conheço uma porção de gente que faz questão de não ter registro em carteira, para poder continuar recebendo bolsa-esmola.
Igualmente, em algum nível de consciência essa gente sabe que aquele que dá a esmola não tem o menor respeito pelo que recebe, se esse passa a ser o estado permanente. Como sabe que, aceitando receber a esmola envolta no desprezo, aceita também que estará em dívida com quem lhe dá a esmola e que terá de pagar essa dívida com o que lhe restar de sentimento de honra; terá que se vender.
Vezes sem conta ouvi que a Petrobras é nossa; que privatizá-la era dar de mão beijada nosso patrimônio. E isso vindo não de algum tabaréu de fim de mundo, mas de gente supostamente bem informada. Que piada, essa! No que tange á Petrobras, nossos são os custos de ela ser uma empresa do Estado, nossos são os custos da roubalheira, os custos do loteamento de cargos para garantir que apaniguados continuem garantindo a sangria de recursos dos impostos, de uma maneira ou de outra. Nossos são os custos de garantir um mínimo de dividendos para os que foram trouxas o suficiente em adquirir ações de uma empresa gerida pelo Estado. Estes trouxas mereceram ter suas ações desvalorizadas em ritmo vertiginoso, apesar de tudo. Colaboraram para manter a mentira de que a Petrobras é nossa; alienação tem limites e cobra caro, numa situação assim.
Deixar uma empresa do porte da Petrobras nas mãos de políticos que uma vez eleitos são deixados livres para agir como bem queiram e entendam é pedir para ser feito de besta. E foi isso que os acionistas minoritários fizeram, permitindo que o Estado detivesse o controle da Petrobras. Mas nós pagamos as contas. Trouxas à revelia. Ou não, já que a maioria acha que a empresa é “nossa”.
Como a maioria também achou que o vulgar Lula foi o responsável por não termos sido atingidos mais duramente pela crise de 2008, mesmo sabendo que ele nunca fez nada de útil durante os anos em que exercera a presidência até aquela data; só para constar, continuou sem fazer nada de útil depois também, mas iniciou uma ação que ainda vai cobrar um custo tremendo, o endividamento sem lastro, pelo estímulo à concessão de crédito ao povão, para comprar carros e eletrodomésticos.
Mesmo com os supostos entendidos sabendo que foram as medidas tomadas no governo anterior que mantiveram o país mais ou menos a salvo.
A maioria também achou que Dilma Rousseff era uma supercompetente gestora, mesmo sabendo que ela falira uma loja de 1,99, que mentira sobre ter um doutorado em Economia. Aliás, tendo em vista a quantidade de mentiras deslavadas que essa cambada vem contando acaba sendo sintomática a disposição de caráter do povo brasileiro, pela facilidade com que são engolidas.
O resultado disso tudo está aí: em dois anos a Petrobrás caiu da posição 12ª no ranking mundial de empresas do setor para a 120ª; em dois anos perdeu mais da metade do valor: de 380 bilhões de dólares avaliados em 2010 está atualmente em 179 bilhões e caindo com tendência a despencar já que a situação está tão escabrosa que não é mais possível ignorar as maracutaias do PT na empresa, considerando que o que se sabe até agora é só a ponta do iceberg.
O que apareceu até agora dá conta que a Petrobras comprou metade de uma refinaria em Pasadena, Califórnia, em 2006 por 360 milhões de dólares; a empresa vendedora havia comprado a refinaria inteira, no ano anterior, por 42 milhões de dólares; por contrato, estava obrigada a comprar a outra metade caso houvesse desentendimentos entre as partes. Houve o desentendimento: a Petrobras se comprometera a garantir rentabilidade de 6,9% ao ano para a dona da outra metade, independente das condições de faturamento. Como isso seria absurdo até se a refinaria estivesse rendendo muitíssimo bem, por contrato a Petrobras estava obrigada a comprar a outra metade. Dilma resolveu ir à justiça, perdeu e a empresa teve que desembolsar mais 820 milhões de dólares.
Nunca houve uma supercompetente gestora como Dilma Rousseff: adquiriu para a nação uma empresa que em 2005 custou 42 milhões de dólares por um preço final, em 2012, de mais de um bilhão de dólares, com vários penduricalhos suspeitos no meio da historia. Mesmo que não sejam procedentes os fortes indícios de sujeira da grossa nesse negócio, resta o fato de que foi pessimamente gerido. Fosse uma empresa privada todos os responsáveis estariam no olho da rua.
Mas a Petrobras é nossa; nosso é o endividamento dela, que de 118 bilhões de dólares no fim de 2010 já está em 300 bilhões de dólares. Nossa é a conta a pagar pelo déficit imposto pela cambada do PT, de mais de vinte bilhões de dólares, por ter que importar petróleo e vende-lo aqui por menos do que o que se pagou, para tentar controlar a inflação.
Pois num lugar em que as pessoas acreditam numa Dilma supercompetente gestora é assim, somos autossuficientes em petróleo, mas temos que importa-lo.
Seria cômico se não fosse trágico: as pesquisas indicam que essa mulher será reeleita.
É por isso que rio, do tanto que tem para chorar. Se isso não faz sentido, sem problemas. Aqui no Brasil nada faz sentido mesmo.

11 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. marcio

      Eu tenho acompanhado atentamente o caso Siemens/Alstom; que houve um bocado de coisas suspeitas, para dizer o mínimo, houve. Mas tenho algumas ressalvas até o momento, em vista do comportamento estranhíssimo do Cade nessa história. Espero os desdobramentos.
      No caso do chamado mensalinho de Minas, eu penso que Eduardo Azeredo deveria ter renunciado e ter saído do partido, fosse inocente, fosse culpado; seu afastamento daria muito mais transparência à apuração do caso. E penso também que o PSDB errou mantendo-o. Não era o caso de escolher o correligionário, era o caso de pensar na imagem que se devia transmitir às pessoas, saindo do caminho para deixar agir a investigação e a justiça. E esse é um dos grandes problemas dos políticos brasileiros: com raríssimas exceções eles nunca colocam os interesses do país em primeiro lugar, mas sim suas conveniências.

      Excluir
    2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

      Excluir
    3. Ana, mil desculpas, fui remover um comentário meu mesmo, ao invés de apagar e removi o seu, por acidente, desculpe.

      Excluir
    4. Oh Shirley, isso pode acontecer, a gente as vezes pode excluir algum comentário por engano. Eu também já fiz isto. No problem.
      Um abraço

      Excluir
    5. Na Isto É dessa semana saiu uma choradeira dos petistas em relação aos delegados da PF que tucanaram literalmente. Segundo a reportagem, a reclamação é que casos envolvendo petistas, "vazam" ou são apresentados sem pudor mesmo, enquanto apurações que envolvam a oposição são esquecidas em alguma gaveta por lá...

      Excluir
    6. Como eu digo sempre, sejam de que partido forem e sendo o crime provado, cadeia para todo político criminoso. Mas tendo em vista o retrospecto do comportamento petista e os reveses que estão tendo agora, não dou a menor confiança para a tal choradeira. Aliás, quer saber? "Tucanar", diante da mixórdia petista, já é um avanço.

      Excluir
  2. O pior que hoje eu vi no jornal o povo do PT ta tentando derrubar a CPI que ja tem 27 assinaturas, eu vou ser sincero viu Shirley ja não tenho mais muita esperança neste país não.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Adam!

      Bom, o pedido de CPI foi protocolado, mas o Renan Calhorda vai tentar adiar o máximo possível o começo dos trabalhos. É difícil ter esperança, Adam, mas é preciso. Acho que a gente tem que pensar que não se trata apenas desta geração, temos que pensar nas próximas.

      Excluir
  3. Shirley,

    As vezes também me desanimo. O Brasil apresenta sintomas de um caso perdido, pois a nossa mediocridade parece ser infinita. É vexatória e faz mal até mesmo para nossa autoestima pessoal.

    O brasileiro parece ter uma inclinação a gostar de tudo que é coisa ruim: o culto à enganação, ao bandido, ao mau gosto. Ser honesto é feio, delatar é feio e ser "esperto" é bonito. Levar vantagem é o nosso "way of life". E a justiça não funciona; se negocia. O Brasil é uma mentira mal contada, é um arquétipo de tudo que um país não deve ser. Mas assim como um besouro, teima em voar.

    Meu fio de esperança ainda reside na possibilidade de que em algum momento façamos uma reforma política que ponha fim no voto obrigatório, que estabeleça o voto distrital, o financiamento público de campanhas e que reduza os benefícios e privilégios dos parlamentares, mandatários do executivo e funcionários públicos em geral. De modo que apenas aqueles com real vocação em servir ao povo se interesse em pleitear um mandato ou um cargo público. E, como consequência desta mudança, voltemos a nossa atenção, de fato, para a educação, pesquisa e desenvolvimento.

    A minha esperança é de que isto aconteça um dia. Assim, talvez em duas ou três gerações após este acontecimento espetacular, o país saia desse poço de mediocridade em que estamos afundando a cada minuto que passa.

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Warlei, essa sua definição de Brasil: O Brasil é uma mentira mal contada, é um arquétipo de tudo que um país não deve ser, deveria ser gravada na rocha. É a melhor definição que já vi até hoje, infelizmente.

      Abraços

      Excluir